sexta-feira, abril 15

Recebi este mail e realmente acerta na "mouche".
JUVENTUDE por Nuno Markl

"Em conversa com o irmão mais novo de um amigo, cheguei a uma triste
conclusão. A juventude de hoje, na faixa que vai até aos 20 anos,
está perdida. E está perdida porque não conhece os grandes valores que
orientaram os que hoje rondam os trinta.

O grande choque, entre outros nessa conversa, foi quando lhe falei no Tom

Sawyer. "Quem? " , perguntou ele.
Quem?! Ele não sabe quem é o Tom Sawyer! Meu Deus...

Como é que ele consegue viver com ele mesmo?

A própria música: " Tu que andas sempre descalço, Tom Sawyer, junto ao rio a
passear, Tom Sawyer, mil amigos deixarás, aqui e além... "
era para ele como o hino senegalês cantado em mandarim.

Claro que depois dessa surpresa, ocorreu-me que provavelmente ele não
conhece outros ícones da juventude de outrora.

O D'Artacão, esse herói canídeo, que estava apaixonado por uma caniche;
Sebastien et le Soleil, combatendo os terríveis Olmecs;

Galáctica, que acalentava os sonhos dos jovens, com as suas naves
triangulares;

O Automan, com o seu Lamborghini que dava curvas a noventa graus;

O mítico Homem da Atlântida, com o Patrick Duffy e as suas membranas no
meio dos dedos;

A Super-Mulher, heroína que nos prendia à televisão só para a ver mudar de
roupa (era às voltas, lembram-se?);
O Barco do Amor, que apesar de agora reposto na Sic Radical, não é a mesma
coisa. Naquela altura era actual ...

E para acabar a lista, a mais clássica de todas as séries, e que marcou
mais gente numa só geração: O Verão Azul.

Ora bem, quem não conhece o Verão Azul!!! ... Quem não chorou com a
morte do velho Shanquete, não merece o ar que respira.

Quem, meu Deus, não sabe assobiar a música do genérico, não anda cá a fazer nada.

Depois há toda uma série de situações pelas quais estes jovens não
passaram, o que os torna fracos.

Ele nunca subiu a uma árvore! E pior, nunca caiu de uma. É um mole.

Ele não viveu a sua infância a sonhar que um dia ia ser duplo de cinema.

Ele não se transformava num super-herói quando brincava com os amigos.

Ele não fazia guerras de cartuchos, com os canudos que roubávamos nas obras

e que depois personalizávamos. Aliás, para ele
é inconcebível que se vá a uma obra. Ele nunca roubou chocolates no

Pingo-Doce. O Bate-pé para ele é marcar o ritmo de uma canção.

Confesso, senti-me velho...
Esta juventude de hoje está a crescer à frente de um computador.
Tudo bem, por mim estão na boa, mas é que se houver uma situação de perigo

real, em que tenham de fugir de algum sítio ou de alguma
catástrofe, eles vão ficar à toa, à procura do comando da Playstation e a
gritar pela Lara Croft.

Óbvio, nunca caíram quando eram mais novos. Nunca fizeram feridas, nunca
andaram a fazer corridas de bicicleta uns contra os outros.

Hoje, se um miúdo cai, está pelo menos dois dias no hospital, a levar
pontos

e a fazer exames a possíveis infecções, e depois
está dois meses em casa a fazer tratamento a uma doença que lhe descobriram
por ter caído. Doenças com nomes tipo " Moleculum
infanticus " , que não existiam antigamente.

No meu tempo, se um gajo dava um malho nem via se havia sangue, e se
houvesse, não era nada que um bocado de terra espalhada por cima não
estancasse.

Eu hoje já nem vejo as mães virem à rua buscar os putos pelas orelhas,
porque eles estavam a jogar à bola com os ténis novos.
Um gajo na altura aprendia a viver com o perigo. Havia uma hipótese real de
se entrar na droga, de se engravidar uma miúda
com 14 anos, de apanharmos tétano num prego enferrujado, de se ser raptado
quando se apanhava boleia para ir para a praia. E sabíamos viver com isso.

Não estamos cá? Não somos até a geração que possivelmente atinge objectivos
maiores com menos idade?

E ainda nos chamavam geração "rasca"... Nós éramos mais a geração "à
rasca", isso sim.

Sempre à rasca de dinheiro, sempre à rasca para passar de ano,
sempre à rasca para entrar na universidade, sempre à rasca a ver se a

namorada estava grávida, sempre à rasca para tirar a carta, para o pai
emprestar o carro.

Agora não falta nada aos putos. Eu, para ter um mísero Spectrum 48K, tive
que pedir à família toda para se juntar e para servir de
prenda de anos e Natal, tudo junto.

Hoje, ele é Playstation, PC, telemóvel, portátil, Gameboy, tudo.

Claro, pede-se a um chavalo de 14 anos para dar uma volta de bicicleta e
ele pergunta onde é que se mete a moeda,
ou quantos bytes de RAM tem aquela versão da bicicleta. Com tanta protecção
que se quis dar à juventude de hoje, só se conseguiu que
8 em cada dez putos sejam cromos.

Antes, só havia um cromo por turma. Era o tóto que levava porrada de todos,

que não podia jogar à bola e que não tinha

namoradas. É certo que depois veio a ser líder de algum partido, ou gerente

de alguma empresa de computadores, mas não curtiu nada.

Hoje, se um puto é normal, ou seja, não tem aparelho nos dentes, as miúdas

andam atrás dele, anda de bicicleta e fica na rua até às dez da noite, os
outros são proibidos de se dar com ele."

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